Genética
Eu estabeleci uma meta clara para este ano, e por instantes acreditei que não teria forças para concretizá-la. Julguei que a vida me frustraria — mas ela, em sua imensa generosidade, surpreendeu-me, devolvendo-me a vontade de viver.
Uma carta para os recomeços...
Nos primeiros dias, o medo se fez presente. Meu cérebro recusava o repouso, e no silêncio eu buscava ruídos para adormecer. É fascinante — e ao mesmo tempo inquietante, perceber como o corpo e a mente se entrelaçam, a ponto de sentirmos falta até daquilo que nos perturba.
Com o tempo, aprendi a viver o instante, o privilégio da simplicidade, a grandeza do agora. Que dádiva é repousar na paz! O luxo mais precioso do presente é justamente esse: sentir-se em paz. Mas onde habita essa paz em nós?
Já não recordava como era ter um coração palpitante de sonhos. Sonhos que, outrora abundantes, haviam se dispersado, logo eu, que sempre vivi entre devaneios e fantasias, filha da lua, canceriana. Agora, porém, novos sonhos florescem, novos planos se erguem. Recomeçar é como nascer de novo; é como regressar aos vinte anos e desenhar um horizonte repleto de possibilidades.
Nunca é tarde para manifestar desejos, sejam eles íntimos ou insensatos, lúcidos ou lúdicos. O silêncio da mente clareia os pensamentos, e dessa serenidade brota a força para alçar voo.
Há também um reencontro ancestral em meu caminho. Estar junto daqueles que vieram antes de mim, que costuraram a história da minha família, faz-me compreender que o autoconhecimento é inseparável da memória dos nossos antepassados. Sempre me questionei: por que gosto do que gosto? Por que sou quem sou? De onde nascem as singularidades que apenas em mim habitam?
Pela primeira vez, experimento uma intimidade profunda com meus avós. Na vida adulta, ter esse privilégio é revelação. O cuidado entre nós é recíproco, quase sagrado. Ainda não sei de onde emana essa energia que me move a viver com tamanha amorosidade ao lado deles. Após tantos anos mergulhada no cansaço, hoje desperto com o primeiro raio de sol, e tudo em mim se expande com uma intensidade que só o afeto e a gratidão são capazes de oferecer.
A saúde mental tornou-se novamente prioridade em minha jornada. Como curar aquilo que não tem forma definida? Creio que a resposta está no amor, na natureza, em taças de vinho e no café acompanhado de bolo quentinho. 💞
Obrigada, Itapira. É estranho estar aqui, mas sinto que ainda temos muitas histórias a tecer juntos.










Adorei ler os seus pensamentos!
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