O sino da Igreja Itapira
Os dias têm-se mostrado extensos neste lugar. Os olhos despertam ao primeiro raio de sol, enquanto os pássaros celebram em coro nos céus, e nós quatro nos colocamos prontos para usufruir de mais um dia.
Recentemente, comentei com meu avô que, por vezes, sinto-me um personagem de uma novela: as ruas ladeadas por casas antigas, singelas e coloridas, com suas portas abrindo-se diretamente para a calçada, compõem um cenário pitoresco. Recordo-me de uma senhora elegante, que varria a frente de sua casa sob o amarelo intenso do sol a pino, imagem que me pareceu saída de um enredo literário.
A vida cotidiana aqui também é permeada por sons singulares: uma melodia que ecoa da igreja e se espalha pelo centro da cidade, acompanhada do toque de sinos que alcançam até a nossa residência.
Estamos ainda nos habituando a este vasto espaço chamado lar. Após mais de uma década vivendo em apartamentos restritos a uma única janela, sinto-me profundamente grata por compartilhar este momento com eles ainda em vida e por desfrutar do calor suave das manhãs, da brisa que atravessa as janelas e do privilégio de respirar contemplando o céu aberto.
Não sei ao certo como definir o sentido da vida neste novo lugar. Carrego saudades de pessoas e de ambientes outrora familiares, mas sigo disposta a acolher o inédito com a serenidade de um coração aberto.
"Heart beats with fear here in the theatre of my soul" @davidgilmour Written by @pollysamson











Comentários
Postar um comentário