A vida é um sopro

A vida é um sopro. 

 Hoje me peguei lembrando de um momento muito especial, em uma das minhas viagens para Bueno Brandão, no sul de Minas Gerais, um lugar mágico, cercado pelas montanhas da Serra da Mantiqueira e repleto de cachoeiras que parecem saídas de um sonho. 

 Era por volta de 2008. Eu vivia uma fase de transição, mudando de cidade, de rotina, de vida. Foi nesse cenário de mudanças que embarquei em uma viagem com amigos e amigas, buscando leveza, riso e um pouco de silêncio interno.

Naquele dia, o destino foi a maior entre as mais de quinze cachoeiras da região. Lembro da força da água, do som que preenchia o ar e daquela energia quase sagrada que só a natureza consegue transmitir. 

Escolhi uma pedra bem no meio do rio e sentei ali, sozinha, em silêncio. Contemplei. Respirei fundo. Senti um tipo de paz que palavras não alcançam. Foi um instante de plenitude, daqueles que a gente guarda no coração. 

 Na hora de voltar para a margem, fui me arrastando ainda sentada, respeitando a força da correnteza. Já perto do fim, na última pedra, a surpresa: a água me pegou de jeito e me levou. Caí. Fui arrastada até cair em uma poça funda entre as pedras. 

 O susto foi grande. Enquanto eu me recompunha, ainda sem entender o que tinha acontecido, olhei para trás e vi meu grupo em choque, todos parados, uma amiga gritando. Levantei com a perna ralada e um coração batendo forte, entre o alívio e o espanto. Mas eu estava bem. Inteira. Viva. Depois daquele dia, algo mudou. 

Nunca mais entrei em uma cachoeira da mesma forma. O respeito pela natureza cresceu, mas o encanto nunca diminuiu. Estar perto da natureza continua sendo meu refúgio, meu jeito de recarregar, de me encontrar comigo mesma. Porque a vida é assim: intensa, inesperada, delicada. 

A vida é um sopro. E são nessas entrelinhas entre o risco e a beleza que moram os nossos sonhos, aqueles que nos movem, que nos transformam, que nos lembram do quanto vale a pena viver.

 Cuidem de suas amigas. 🤍

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